Professor espera há 6 meses por exame e consulta pelo Iamspe

Seis meses. Este é o tempo que o professor de história e filosofia da rede estadual de ensino de Bauru João Queluz aguarda para fazer exames de Raio X e para consultar-se com neurologista e otorrinolaringologista pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), apesar de ter descontado mensalmente, há 14 anos, 2% de seu salário para o pagamento do convênio. O objetivo do instituto é prestar atendimento médico aos funcionários públicos estaduais, mas Queluz não consegue marcar as consultas ou realizar os exames.

Com problemas de saúde que afetam seu nervo ciático, bico-de-papagaio e formigamento nas mãos, o professor tem encontrado dificuldades para exercer sua profissão e ontem acionou a Apeoesp para reclamar, como vários outros servidores estaduais. “Sinto muitas dores e preciso de Raio X, mas eles alegam que a máquina está quebrada e não há previsão de conserto. Segundo informações do hospital, há possibilidade de fazer os exames da região cervical, mas não da lombar, o que fica inviável já que as guias médicas são juntas”, explica Queluz.

“Há ainda um outro exame que só poderá ser feito em São Paulo, o que vai me gerar custo, e apenas uma clínica particular realiza esse exame na cidade, que custa R$ 300,00. Infelizmente, não tenho condições de ir até São Paulo ou pagar o exame particular”, acrescenta o professor. Na opinião de Edmar Oga da Silva, conselheiro da Apeoesp, com o passar dos anos o Iamspe foi sucateado.

“E isso é um problema público que o governo deve averiguar. Atualmente, o Iamspe funciona apenas com os 2% descontados da folha de pagamento dos funcionários. Os outros 2% de contrapartida do governo não estão sendo pagos, fato que piora a situação”, explica. Queluz não consegue marcar consultas com neurologista e otorrinolaringologista.

“Eles dizem que existem médicos em Botucatu, Jaú e Lins, mas tenho que me deslocar para estas cidades. Se eu contribuo aqui em Bauru, acredito que tenho o direito de ser atendido aqui”, conta. “Além disso, há grande rotatividade de médicos. Muitas vezes começamos um tratamento que não tem continuidade porque o médico é descredenciado por falta de pagamento”, complementa Queluz.

Ontem, após acionar a imprensa, Queluz conseguiu, através da intervenção da Comissão Consultiva Mista do Iamspe, agendar os exames de Raio X para hoje, às 11h, no Hospital de Base. Mas ainda falta outro exame, que não é realizado em Bauru. “Se não conseguirmos, ele terá que ir para São Paulo mesmo. É importante deixar claro que a atual situação ocorre porque o governo do Estado não repassa a parte de 2% dele. Por isso, trabalhamos de forma precária”, afirma Idenilde de Almeida Conceição, presidente da comissão.

Após a maratona, o professor estuda a possibilidade de procurar o Ministério Público para pedir que investigue o Iamspe. Em Bauru, o atendimento aos usuários do Iamspe é feito pela Associação Hospital de Bauru (AHB), pelo Centro de Assistência Médica Ambulatorial (Ceama) e em médicos conveniados ao órgão. Na cidade e em toda região, são cerca de 80 mil servidores estaduais beneficiários do Iamspe.

Fonte: jcnet.com.br

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