Eleitos são cautelosos sobre Rodrigo

Maioria na próxima legislatura, os vereadores eleitos pela coligação União por Bauru, que apoiou a candidatura de Caio Coube (PSDB) à Prefeitura de Bauru, preferem manter a cautela em relação ao posicionamento da Câmara com o prefeito eleito da cidade, Rodrigo Agostinho (PMDB). O discurso geral é de que o relacionamento será harmônico na medida em que as propostas atenderem aos interesses da sociedade. Mesmo quem admite que atuará na oposição, o faz com o cuidado de dizer que não haverá radicalismo.

A configuração da Câmara para a próxima legislatura tem nove vereadores da aliança que atuou em favor de Caio, seis da base de Rodrigo e um neutro (PV).

Entre os que declararam que serão de oposição estão Marcelo Borges (PSDB), Amarildo de Oliveira (PPS) e Fernando Mantovani (PSDB). O primeiro conta que o PSDB terá papel de oposição, mas não em relação a propostas para o desenvolvimento da cidade. “Aquilo que for importante a bancada do PSDB irá apoiar”, diz. “Estaremos cobrando e fiscalizando o governo, mas apoiando o que é bom para o município”.

Oliveira comenta que atuará na oposição, mas sem posicionamentos radicais, fiscalizando os atos do Executivo. “Assim como o prefeito eleito, nossa preocupação também é com a cidade de Bauru”, ressalta ele. “Espero uma relação de respeito mútuo entre o Executivo e o Legislativo, que são poderes independentes”.

Mantovani destaca que irá fazer oposição de maneira coerente e harmônica. “O Rodrigo é meu amigo e o respeito muito. Disse a ele que pode contar comigo para as causas boas da cidade”, comenta.

José Roberto Segalla (DEM) acredita que o novo prefeito não encontrará dificuldades no relacionamento com o Legislativo. “De minha parte e acredito que de alguns outros colegas ele (Rodrigo) não vai encontrar oposição a fim de prejudicar seu trabalho, desde que vise ao interesse do povo bauruense”, ressalta. “O Rodrigo não precisa temer nenhum tipo de oposição radical porque estarei aberto e disposto a ajudar em tudo aquilo que for voltado para os interesses da comunidade. Mas vou fiscalizar, mesmo se o eleito tivesse sido o Caio Coube”.

Outros parlamentares da coligação União por Bauru prevêem um quadro mais harmônico entre Executivo e Legislativo. “Não me coloco como vereador de oposição, mas como aquele que vai defender a cidade”, diz Jurandyr Bueno (PPS).

Segundo Chiara Ranieri (DEM), falar do papel que irá desempenhar na Câmara implica em saber quem irá ocupar as secretarias e a presidência dos órgãos da administração indireta.

Ambos do PP, Roberval Sakai, o Pastor Sakai, e Luiz Carlos Bastazini, o Carlinhos do PS, informam que ainda discutirão com o diretório municipal o posicionamento a ser tomado no Legislativo, mas adiantam que terão um bom relacionamento com o chefe do Executivo.

Único parlamentar cujo partido não apoiou oficialmente nenhum dos dois candidatos do segundo turno, Natalino Davi da Silva, o Natalino da Pousada, afirma que “nossa expectativa é que o prefeito cumpra as promessas de campanha. Estaremos cobrando”.

Para Fabiano Mariano (PDT), pelo perfil de Rodrigo, o prefeito eleito terá um relacionamento aberto com todos.

Roque Ferreira (PT) espera o mesmo. “Como está na Câmara há oito anos, o prefeito eleito sabe da importância do parlamento, e acredito não terá nenhuma atitude beligerante com a instituição”, comenta.

“O Rodrigo sabe que deve haver respeito mútuo entre o Executivo e o Legislativo. O prefeito não governa sem a Câmara”, ressalta Renato Purini (PMDB).

Paulo Eduardo de Souza (PSB) aborda a questão da renovação por que passou a Câmara. “Essa Câmara deve trazer uma nova identidade”, afirma. “Há um compromisso moral e ético com a população em fazermos algo diferente para a cidade e exercer uma liderança institucional”.

Dos vereadores eleitos, apenas Gilberto dos Santos, o Giba (PSDB), não foi localizado para falar sobre o assunto.

Resultado

Os vereadores da coligação União por Bauru disseram que respeitam o resultado das urnas e que esperam que Rodrigo cumpra as promessas feitas na campanha.

Para Segalla, Caio seria a melhor opção para a cidade. “Não tenho nada contra o Rodrigo, mas acreditava que ainda não era a vez dele”, diz.

Segundo Jurandyr, o novo prefeito “vai querer o melhor para Bauru e todos nós temos de dar oportunidade para ele e ajudá-lo”.

Mariano concorda. “A expectativa é a maior possível com a vitória do Rodrigo”, ressalta. “O PDT o apoiou institucionalmente, mas também por confiar em suas propostas”.

Para Natalino, Rodrigo foi vitorioso nas urnas porque conseguiu explanar melhor suas propostas, em especial na periferia de Bauru.

Na opinião de Purini, “o diferencial do prefeito eleito na campanha é que ele mostrou conhecer os problemas da cidade e a estrutura administrativa e que sabe como dar solução às demandas”. Outro aspecto destacado pelo peemedebista foi a militância de voluntários e candidatos a vereador na campanha.

Souza atribui a vitória à diferenciação da trajetória de vida de cada um dos candidatos e à identidade do eleitorado com o formato proposto por Rodrigo na campanha, apesar de que, para ele, a maioria das propostas era semelhante.

Roque leva a discussão para um plano macro. “A vitória do Rodrigo expressou uma sanção às políticas do PSDB, tais como privatizações e a destruição dos serviços públicos”, diz. “Teve como qualidade a desenvoltura para falar numa linguagem mais apropriada para a média da população. A falta de cultura política do adversário também foi um fator importante, somada à campanha do mesmo que foi carregada de erros na forma e no conteúdo em relação ao diálogo com as massas”.

Fonte: jcnet.com.br

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